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        - Não se preocupe, tudo vai dar certo! - disse Yara, esposa do meu primo.

        - Estou torcendo! Obrigada mesmo por vocês terem vindo, Bruno, Gabriel vocês também! - Agradeci, já um tanto mais calma e aliviada de ver aquelas pessoas ali comigo!

        - Você não precisa agradecer, não conhecemos muito bem a Camila, mas torcemos por ela! E é claro, você precisa de apoio nessa hora! Amigos são para isso! - Disse Gabriel. Apesar de conhecer pouco os dois, eu já sentia tamanha simpatia por eles! Acho que quando isso tudo acabar, Camila e eu iremos nos tornar grandes amigas desses dois.

        Pedro estava conversando com meu primo, um grupo de pessoas ali, outro aqui. Ana estava sentada conversando com a Sra. Estela e eu estava perto da porta junto de Yara, Bruno e Gabriel. 

        A mesma enfermeira que tinha falado comigo um pouco antes abriu a porta que dava acesso aos outros setores do hospital, um pouco irritada.

        - Pessoal! Sei que todos estão nervosos e muito preocupados com o estado daquela jovem, mas preciso que se acalmem! Isso ainda é um hospital! - disse ela num tom elevado se sobre saindo a toda conversa na sala de espera.

        Fui até ela, agora eu estava mais controlada.

        - Desculpe, sabe mais alguma coisa sobre o estado dela?!

        - Um médico já virá falar com você, mas eu preciso que todo mundo espere lá fora! 

        Aos poucos as pessoas foram indo para a rua, algumas que eu conhecia vieram falar comigo e dar todo o apoio possível, Jairo o garçom, até mesmo o tio de Camila. E aos poucos foram indo embora.

        - Nos já vamos indo, mas não esqueça se precisar de qualquer coisa pode nos chamar Leila. - Disse Bruno me abraçando.

        - Vou levar vocês em casa, depois nos voltamos para cá! - Concluiu meu primo Rafael, pegando as chaves do carro.

        - Não precisa Rafa, minha irmã virá nos buscar! Gabriele já estava saindo de casa, logo ela estará aqui. - disse Bruno agradecendo ele e se despedindo dos demais ali presentes.

        Pedi para a Sra. Estela levar Ana para casa, um hospital não era o melhor lugar para se passar o restante das férias. Agradeci mais uma vez por ela e sua sobrinha terem vindo. E uma hora depois eram eu, Pedro, Yara e Rafael na sala de espera. Ainda esperando alguma informação a respeito. Meu irmão me trouxe roupas limpas, fui até um apertado banheiro que tinha, lavei meu rosto e amarrei meu cabelo em um coque apertado. Troquei de roupas e notei que a minha camisa estava rasgada, talvez pelo esforço que eu fiz quando tentei me soltar das pessoas que me seguravam no acidente.

        Yara se sentou ao meu lado, enquanto meu irmão conversava com Rafael.

        - Eu temo o pior... - disse tão baixo que não parecia que aquelas palavras saíram da minha boca.

        - Não diga isso Leila, nem pense assim! Quando a gente ama muito uma pessoa, criamos um elo com ela, algo que ultrapassa crenças ou misticismos! Eu acredito nisso, me conforta! - disse Yara segurando a minha mão. Eu olhei para a minha pulseira de gatinho no pulso. Yara estava certa, eu e Camila tínhamos algo a mais! Além de ama-la com todas as minhas forças, eu tinha um elo, algo que não sabia explicar! Se existisse alma gêmea, Camila era a minha "Alma companheira". Meu peito novamente se encheu de esperanças.

        As portas do consultório se abriram novamente, era a  mesma enfermeira das ultimas vezes e um médico, um homem com as maçãs do rosto vermelhas e com um óculos oval. Ela apontou para mim, na mesma hora todos nos colocamos de pé, mas apenas eu fui em sua direção.

        - Oi, sou o Doutor Alonso! - disse ele apertando a minha mão e em seguida a de Pedro que chegou ao meu lado. - Não sou o médico responsável pelo caso delicado da paciente... - ele leu em uma prancheta uma folha com anotações. - ... Camila! Mas eu estou acompanhando o estado dela!

         - E como ela esta doutor? Por favor, estou aqui a horas esperando saber qualquer coisa a respeito dela!

        - Você é familiar? - Perguntou ele, pronto para anotar qualquer coisa que saísse da minha boca, mas Pedro tomou a dianteira.

        - Ela mora conosco, a família dela mora no interior! Somos a família dela aqui! Leila e eu sou Pedro, irmão dela! - terminou meu irmão apontando pra mim.

        - Okay! - terminou ele de anotar nossos nomes na folha. - Muito bem! O caso da Camila é muito grave, ela ainda esta na sala de cirurgia. Ela chegou aqui com uma alta dose de medicamentos, ela estava dopada! Sabem me dizer se ela toma algum remédio controlado!

        - Não! - disse um tanto áspera. - Ela foi drogada pela outra moça que morreu, ela que dopou a Camila! 

        O medico me olhou, e novamente anotou algumas palavras.

        - Terá muitas investigações ainda! Da parte da policia. Enfim... Camila precisou ser desintoxicada, por isso os procedimentos para a cirurgia demaram o dobro de tempo para começar. Ela sofreu danos na coluna e teve a perna esquerda quebrada. Mas a saúde dela é frágil! Mesmo com a cirurgia saindo cem por cento, a grandes riscos dela não conseguir resistir! Mas tenham fé! Tudo o que eu posso afirmar agora, é que ela não voltara a andar depois disso.

        Senti como se um touro viesse correndo em minha direção. Grande, pesando algumas toneladas. E sem nenhuma dó do meu estado frágil me acertou em cheio na barriga! Não conseguia respirar, ficou tudo escuro e eu cai.

        - Leila, acorde! - ouvi a voz de Pedro distante.

        - Ela esta recobrando os sentidos, foi um choque muito grande pra ela! - disse a enfermeira.

        Eu estava deitada em uma maca, um pouco tonta. Pedro estava segurando a minha mão. EU comecei a chorar! Lembrava da voz do médico dizendo com todas as letras que Camila não voltaria a andar, isso se ela sobrevivesse.

        - Calma, calma mana! Ela vai ficar bem, isso tudo vai terminar bem! - Pedro segurava a minha mão mais forte.

        - Ela não vai voltar a andar Pedro, ela vai sofrer! - Eu chorava com força, do mesmo modo que entrei no hospital.

        - Aquele médico nem é o médico dela, ele pode ter errado, ela não vai sofrer, relaxa Leila!

        Quando eu voltei para a sala de espera, já melhor do choque que eu levei, encontrei um casal. Um homem velho e uma mulher sofrida, Ela chorava muito, e ele parecia desolado. Eram os pais de Camila.

        Me aproximei deles, já tinha visto eles por foto. Mas nunca pessoalmente.

        - Leila?! - disse a mulher entre soluços. Balancei a cabeça, concordando. E ela me abraçou!

        Não sei dizer quanto tempo levou aquele abraço, que foi quebrado por uma voz ao fundo.

        - Parentes da senhorita Camila? A cirurgia acabou! - Disse um médico, um tanto quanto aflito.

Folhas de Outono. (Um romance lesbico)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora