Capítulo 8: Bar do Gordo parte II.

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A música havia parado, a dança e os jogos foram interrompidos. Todos naquele salão ficaram em silêncio aguardando uma resposta do casal no balcão. Owen serviu mais um copo tranquilamente, enquanto alice disfarçava ao máximo seu incomodo com tantos olhares, com a mesma sutileza de quando disfarçou o frio horas antes. O rapaz completou seu copo com Whisky antes de dizer:

— Viemos apenas beber para comemorar um ano de namoro. — Owen ergueu o copo, como um brinde e então virou a bebida novamente, sem esboçar reação alguma. No final, sorriu de canto para o Barman.

— A é? — O senhor Gordo sorriu devolta. Sem dúvidas, um homem carismático de bem com a vida. — Fico feliz pelo casal. Como se conheceram? — O silêncio fazia a conversa notória a todos. Aquele homem grisalho do outro lado do balcão não parecia intimidado, muito menos intimidador, porém a situação não condizia com sua personalidade.

Owen pensou um pouco. Alice tentava sinalizar para ele com as mãos debaixo do balcão, queria que ele encerrasse o assunto para saírem dali, contudo o rapaz ignorou seus gestos e apenas respondeu:

— Nos conhecemos nesse mesmo bar, há pouco mais de um ano. — Owen notou Alice baixar a cabeça levemente, apoiou seu cotovelo esquerdo no balcão e pôs a mão apoiando o queixo. O rapaz arqueou as sombrancelhas, estranhando sua companheira.

— Que coisa boa. Acho bom que meu bar tenha unido um casal tão lindo! — O barman riu e serviu outra bebida a Owen, de uma garrafa escura, sem rótulos. Um líquido preto, parecia viscoso. — Essa é por conta da casa!

O copo foi empurrado próximo a seu braço direito. Owen não seria tolo de beber algo tão suspeito. Seus olhos atentos de caçador buscaram por uma saída e as potenciais ameaças locais. Ele estava com uma companhia que não sabia se seria útil numa luta ou na fulga.

— Desculpe, vou ter que recusar. Já estamos de saída. — O rapaz cessou a encenação e os sorrisos. Segurou a mão de Alice, que pareceu tomar um choque e olhou pouco assustada para Owen.

Antes que pudessem se levantar, o senhor Gordo lhes alertou:

— Pra quê sair tão cedo? Estamos apenas começando a conversa. E parece um assunto intrigante, pois sou dono desse bar e sirvo clientes há quase vinte anos, mas não lembro de nenhum de vocês. Seus rostos humanos são inconfundíveis. — Aquele sorriso e carisma não sumiam, mas Owen começou a sentir ameaça. Seus instintos lhe diziam que ele era perigoso. — Fiquem. Eu insisto!

Owen olhou ao redor e notou os três lobisomens em sua forma animal, uma espécie de humanoide peluda, com focinho, garras e pata inferior de lobo, mãos como de humanos, contendo polegares opositores. O menor dos lobos tinha braços equivalentes ao tamanho da cocha de Owen e o rapaz não era nem um pouco magro. Dois Élfos de grandes orelhas pontudas estavam na mesma mesa dos lobos, Owen se lembrou de ter visto eles jogando cartas quando entraram no bar. Os dois deviam ter, no mínimo, dois metros de altura, não sabia ao certo, pois ainda estavam sentados. Seus braços não pareciam musculosos como os lobos, mas conhecendo a fama de caçador dos Élfos, sabia que não é uma boa idéia entrar numa briga com eles. Esse grupo parecia cuidar da saída dos fundos.

Do outro lado, próximo a saída principal, estavam o que ele creditava ser dois Onis; um de pele azulada e outro de pele avermelhada. Possuíam caninos inferiores que não cabiam na boca, de forma que saltava para fora, dentes amarelados que só deviam servir para devorar inimigos. Ambos com clavas de metal, cheias de espinhos. Vestiam apenas uma espécie de cueca feita com tecidos enrolados na região da genitália, escondendo a nudez da região. Todo o resto do corpo era grotesco, cheio de cicatrizes no peito e nos braços. Não pareciam estar ali para acompanhar os jovens até a saída de forma amigável.

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