Splash.
Constantemente ouvia-se esse barulho conforme ia andando com suas botas pelas inúmeras poças de água que tinha espalhada pela rua que andava devido à chuva que havia caído e continuava caindo.
Após a corrente de vento lhe passar uma sensação de embrulho no estômago foi o suficiente para que lhe fizesse levantar sua cabeça junto do enorme guarda-chuva vermelho, que apoiava em seu ombro e segurava com delicadeza em suas mãos, lhe acompanhasse. Ela sabia que não havia sido apenas uma corrente de vento passando por si. Era uma corrente de transtorno.
-Então voltou?- Perguntou fria se arrependendo amargamente de ter deixado sua voz sair um pouco alta. Aos poucos os pingos se cessavam, mas ainda sim caiam, como se fosse um pequeno nevar, eram gotículas de chuva caindo e deixando úmido cada parte que tocava.
-Um bom filho a casa torna, não é assim usado?- Ele riu. Era simples para si, na verdade era mais que isso. Era normal. Por isso saiu normal de si qualquer coisa, porque não era nada demais. Ela concordou e mexeu sua perna se preparando para voltar a andar, mas fora impedida. – Você sentiu minha falta?- E seu corpo travou.
Por um minuto se manteve em silêncio pensando e repensando. Tudo poderia ser diferente, ou não. Precisou desse tempo para controlar seu corpo novamente e quando o fez sorriu calmamente.
-Não.- Mentiu.- Por que eu sentiria?- Na verdade, todos sabiam, menos ele, que sim. Ela sentiu falta dele em cada segundo daquele tempo. Cada pequeno momento parecia uma eternidade de sofrimento e dor. Mas isso ela não iria admitir. Ela superou isso. Ou menos acredita que sim.
-Que pena.- Riu ele novamente e se virou abaixando o guarda-chuva vendo que as gotas mal existiam mais. Porém ela continuou intacta. Parecia uma estátua imóvel, o que só possibilitava a visão dele do guarda-chuva que cobria grande parte do corpo dela, um pouco do sobretudo que ela usava de cor marrom e de suas botas pretas. – Porque eu muito senti a sua. - E com um pequeno vento, uma pequena pétala de flor que havia em uma calçada daquela rua voou e junto a si o guarda-chuva dela também, caindo como se fossem uma representação de muros que mal construídos podem cair com uma pequena rajada de vento.
E eles ficaram em silêncio por um tempo, um tempo que era mais para respeitar todas as lembranças e sentimentos que vieram à tona com somente o dizer de Garfield. Com somente o confessar dele. Rachel respirou fundo, sua fraqueza por ele era maior que seu ódio e ela sabia disso, mas agora não se tratava mais de ela querer ou não se machucar com Garfield, porque ela se machucou, mas se tratava de um band aid que não poderia mais sair sem que ferisse ela e muitos ao redor dela.
-Bom, te garanto que isso passa com o tempo. – Ela disse e se virou para ele, fora obrigada a isso já que seu guarda-chuva havia caído, infelizmente. Ela não ousou olhar para o rosto de Garfield, ela não poderia fazer isso, pois sabia que uma parte sua iria cair e iria querer abraça-lo e abater a falta que seu coração continuava insistir em sentir dele e todo o calor que aquele corpo emanava.
Mas Garfield não tinha nada o impedindo, nenhum sentimento de culpa poderia atingir a si caso corresse para os braços de Rachel como um cão que enfim chegou ao seu lar, na verdade só poderia lhe machucar a ideia de não fazer isso. Ainda mais olhando para ela agora, comparando com anos atrás ela ficou muito mais bonita do que já era. Afinal, ela era uma mulher agora. Uma linda mulher.
-Como pode me garantir isso com tanta certeza, Rae? – Ele disse dando pequenos passos para se aproximar dela que se apressou em levantar com guarda-chuva e olhou para o chão e forçou um sorriso.
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While it's Raining
RomanceEla se tornou a escuridão, a frieza, a casca vazia por fora, mas cheia por dentro. Ele era a luz, o calor, a casca cheia por fora, mas um tanto vazia por dentro. Porém eles tinham um ao outro, mesmo sem saber, dentro da Rachel existia Garfield e den...
