Capítulo XIII - O Apartamento

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Sai cedo da casa de Vincent, pois precisava conversar com a Lexi, antes de ir pra faculdade. Peguei logo um táxi,  ir  de ônibus demoraria muito.  Chegando em casa, tudo estava tão silencioso, a Lexi já havia saído e os pais dela provavelmente já estavam a caminho de Capelinha. Suspirei longamente e resolvi tomar um banho. Eu cheirava a um perfume diferente, uma fragrância que tinha ficado marcada nas minhas lembranças, era o cheiro do perfume de Vincent, me lembrei de sentir pela primeira vez quando o abracei.

Entrei no banheiro e embaixo do chuveiro deixei a água quente descer por meu corpo. Fiquei um bom tempo me molhando. Estava pensando em como falaria para minha melhor amiga e ex-namorada que estou apaixonado e namorando um outro cara, e  ainda mais sendo o Vincent o garoto com quem ela tanto implicava. Me enrolei na toalha e sai do banheiro, coloquei uma blusa branca, que adorava, e uma calça jeans. Percebi que havia um envelope em cima da minha cama. Era dos meus pais, dentro do envelope tinha umas chaves e uma carta. Abri a carta:

Meu Querido,

Estamos tão felizes e orgulhosos por você, meu filho. Eu e seu pai desejamos a você muito sucesso nessa nova etapa de sua vida. Seu Aniversário é só daqui a alguns meses, mas vamos adiantar nosso presente. Antes de casar com o seu pai eu morava e estudava também em BH. Estou passando para você o meu apartamento, eu e seu pai mandamos fazer uma pequena reforma pra que você fique mais a vontade por lá. O papai também deixou uma surpresa na garagem. Pegue as chaves vá ao seguinte endereço:

Edifício Monalisa - Rua Jacuí, n° 152 Ap. 92 - Bairro Funcionários.

Aproveite o presente , te amamos muito.

Mamãe.

Nossa, um apartamento! Meus pais eram realmente inacreditáveis, e essa surpresa na garagem, será um carro?  Pensei comigo.

Tentei ligar para o Vincent, mas seu celular só caia na caixa postal. Então, liguei para o Solano, para avisá-lo que não iria à faculdade hoje e que avisasse o Vincent para mim. Corri para o endereço, ficava a algumas quadras daqui. Chegando no prédio, era enorme, acredito que tinha uns 20 andares. Havia um porteiro, logo na entrada, me aproximei e disse:

- Bom dia senhor, é aqui o Edifício Monalisa?

- É aqui sim, meu jovem. Em que posso ajudá-lo? - Perguntou o porteiro.

- Sabe onde é o apartamento  152? - Perguntei.

Bem... Provavelmente é o apartamento que estava em reforma por esses dias. Você deve ser o filho de Dona Elena, certo?

- Isso mesmo! - Disse surpreso.

-É no 3° andar à esquerda, apartamento 152. Qualquer coisa que precisar, é só chamar. Eu sou o Marcel. -  Disse o porteiro sorrindo.

- Obrigado - Disse entrando no prédio.

Marcel não era daquele tipo de porteiros comuns nos filmes, era alto, devia ter 1,76, uns 80 kg, tinha um corpo definido e usava um uniforme azul bem justo, era um cara que despertava a atenção. Fiquei surpreso com tamanha eficiência do porteiro.

Como era lindo o lugar, bem organizado, todo decorado. Estava a caminho do elevador que estava prestes a fechar, quando uma linda moça de olhos azuis percebeu que estava querendo  entrar e parou o elevador.

- Obrigado- Falei.

- Não por isso, bonitão - Disse ela me encarando de cima a baixo.

Essas garotas da capital são tão "pra frente", pensei, cada cantada que recebo. Em Capelinha, ainda não chegou essa moda , as moças de lá são tão reservadas e tímidas.  Percebi que a moça me olhava atentamente, estava ficando um pouco constragido. Decidi começar a puxar assunto, pra sair daquele clima:

- Está quente neh?

- Sim e como! - Disse a moça,  puxando a camisa deixando seus seios à mostra por alguns instantes.

- É... Você mora aqui no prédio? - Perguntei.

-  4°quarto andar, apt 231. Pode me visitar lá quando quiser, bonitão.  - Respondeu ela me tirando um risada.

- Desculpa moça, mas tenho namorado!

- É... Camille meu nome. Namorado!? Duvido muito que um cara gostoso como você seja gay. - Disse ela.

- E por que não seria? - Perguntei.

-  Digamos que já "sai" com muitos homens. E posso te disser com toda certeza que sei reconhecer um genuíno sedutor quando vejo um. Esse olhar intenso, esse tom de voz dominador, esse sorriso devasso e essa falsa inocência são características de um verdadeiro conquistador, galanteador, um gavião  à  procura da caça.

Assim que terminou de falar, as portas do elevador se abriram.

-Eu preciso ir - Disse saindo do elevador.

- Vai me dizer seu nome ou prefere que continue te chamando de bonitão?

-  É... Andrew -

- Até breve, Drew .  

Maluca! Pensei, rindo.

Chegando no apartamento, logo levei um susto, o lugar estava incrível, todo mobiliado, na sala havia uma enorme TV, a cozinha toda americana e no quarto uma imensa cama de casal.

-Um local perfeito para mim e o Vince, até parece que meus pais adivinharam, rs.

Fui na garagem, nem acreditei, era uma S-10 preta, novinha. Depois de olhar todo o carro e conhecer o condomínio, liguei para meus pais agradecendo os presentes e em seguida liguei para  o Vincent:

- Alô!

-Oi, esse é o celular do namorado mais gato do mundo? - Falei

- Depende, por parte de quem?

- Engraçadinho você hein! - Disse rindo

- Está tudo bem, Drew? Por que não foi para a faculdade?

- Precisava resolver umas coisas antes, te explico depois. Você ainda está na faculdade? - Perguntei

- Que nada! Sai mais cedo, acabei de chegar em casa.

- Bem... preciso te mostrar uma coisa, te encontro em 10 minutos na frente de sua casa, pode ser?

- Ok, te espero na porta de casa.

- Até daqui a pouco então, beijo. - Disse

- Beijo.

Entrei no carro e fui em direção à casa do Vincent, não quis contar nada por telefone, queria que ele própria visse as surpresas, o carro seria a primeira.

Continua...

O Anjo e o AteuWhere stories live. Discover now