Capítulo I - Grito para a liberdade

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"A beleza nem sempre está no olhar, pode ser encontrada também no ouvir

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"A beleza nem sempre está no olhar, pode ser encontrada também no ouvir."

— Yue... Yue? — a voz feminina e mais velha tomou minha atenção, me fazendo despertar do doce encanto de uma revista que encontrara pela casa.

— Mama... — murmurei baixinho correndo em direção aos braços estendidos para mim. — Olha o que achei, mama... um cavalinho.

Apontando a figura na revista que havia carregado até mergulhar nos braços dela, senti seu abraço se apertar a minha volta, o olhar tão apreensivo que me fez pensar se havia feito alguma coisa errada.

— Por que está brincando com algo tão sem graça? Onde estão seus brinquedos, huh? — inflei as bochechas agarrando a revista quando minha mãe tentou puxá-la e recebi um sorriso seguido de um aperto no rosto. — Isso não é algo para você brincar, YuYu... Se quiser livros, basta pedir que Mama compra pra você.

— Isso não é sem graça! — protestei a contragosto pela crítica, mas o sentimento esperançoso surgiu em meu interior ferozmente. – Mesmo? Muitos livros e cadernos para que eu possa brincar? — ela sorriu com meu entusiasmo e beijou minhas bochechas.

— Hahaha, mas é claro, embora eu preferisse que você brincasse com outras coisas em vez de se isolar com literatura — seu sorriso se tornou apreensivo mais uma vez.

— Outras coisas não têm graça, Mama! Um dia farei esses cavalinhos e provarei que é divertido! — afirmei completamente decidido do meu feito, mas ao pensar um pouco, surgiu uma dúvida. — O que é literatura, Mama?

Ella caiu na gargalhada mais uma vez e me abraçou apesar de minha confusão, suas próximas palavras foram apoiadoras dizendo que um dia eu entenderia. Embora eu não entendesse o motivo do que era tão engraçado, sorri também e concordei, aguardando os tão sonhados livros de presente.

* * *

A lembrança repentina surgiu brilhante em minha mente, eu devia ter uns seis anos na época em que comecei a almejar a carreira de escritor. Não entendia os motivos daquela risada quando criança, mas agora compreendo que era porque Ella, minha mãe, achou completamente ingênua e determinada minha conclusão ao chamar livros de "cavalinhos".

Se teve alguém que me forneceu todo o apoio, esse alguém foi Mama, com toda a sua simplicidade, não importando as críticas do Papai ou dos colegas. Além de brilhante e doce, a lembrança é a mais feliz que tenho desde o início do meu pesadelo.

Por alguma razão eu nunca consegui me dar muito bem com colegas desde que iniciei na escola, frequentemente encontrando abrigo nos livros de figuras e cadernos que minha mãe presenteou ao notar minha paixão por letras, entretanto, por essa mesma razão, meus colegas me criticavam, batiam e até mesmo destruíam minhas coisas. A leitura não era um hábito muito bem visto nos subúrbios de Washington, onde morávamos, então casos de bullying pela minha escolha em ler, eram parte da rotina. Não que eu me queixasse de algo ou falasse para meus pais, meu medo era revelar isso e causar mais problemas a Mama.

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