Capítulo 23

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Eu estava assistindo aquela cena deplorável em minha frente e senti como uma se tivesse levada uma facada no peito. Eu sou um homem adulto, é claro que não deveria cobrar nada a ela. Se passaram 8 meses... eu só estava chateado, pois pude perceber que ela não sentia a mesma coisa que eu e estava levando a sua vida alegremente e louca da forma dela.
Eu suspirei pesadamente e engoli a seco.

— Eu... eu vou embora. — Eu disse para a amiga de Wanessa.

— Ah não... Não faça isso. Eu vou chama-la para você.

— Não precisa! Eu preciso mesmo descansar. Estou cansado, cheguei de viagem hoje... não quero atrapalhar o divertimento dela. — Antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa, Wanessa finalmente me enxergou. Ela estava sorridente e parecia estar bêbada e muito drogada. Seus olhos caíram em mim e na mesma hora seu sorriso mudou. Ela parecia estática no lugar e surpresa. Muito surpresa. Ficamos nos encarando por longos segundos, até que ela veio até a mim. Na mesma hora, eu voltei para trás e virei-lhe as costas. Eu queria sumir desse ambiente tóxico.

Caminhei depressa até a saída. Quando cheguei do lado de fora, respirei fundo. Senti uma mão me puxar e dei de cara com ela.

— Padre Peter! O que faz aqui? — Forcei um sorriso.

— O que você acha? Eu vim atrás de você. — Ela parecia ainda mais surpresa e boquiaberta.

— Eu... eu nunca esperava isso... olha quanto tempo faz. Eu achei que...

— É eu sei. Também achei muitas coisas e pelo visto eu estava errado. — Ela suspirou rolando os olhos.

— O que você achou? — Meneei a cabeça sem acreditar.

— O que acha, Wanessa? Eu achei que estava envolvida por mim. Eu fiquei desesperado quando você foi embora. Então vim atrás de você. Eu acreditei que...

— Ah! Pelo amor de Deus, Peter! Se passaram oito meses desde que eu fui embora daquele lugar, você achou que me encontraria aqui sofrendo? Eu sabia que você não largaria a batina então não tinha o porquê eu ficar aqui remoendo algo. Eu não sou de correr atrás de homem e com você eu corri muito atrás.

— Ah claro, até consegui transar comigo para provar para si propria que consegue o que quer! Parabéns, tenho que dizer que você levou essa. E para o seu governo, eu não sou mais padre. Eu larguei a batina. — Eu disse de uma vez e ela franziu a testa surpresa.

— Você o que?

— Isso mesmo que você ouviu. Eu larguei a batina para vir atrás de você e declarar que... nada esquece. Eu vou embora. — Eu disse me virando. Wanessa não merecia ouvir de mim que eu a amava, não depois do que eu tinha acabado de presenciar e pelas palavras duras dela. É obvio que eu fui um idiota por ter feito tudo isso em nome da emoção. A Wanessa é uma garota que está aproveitando a vida e eu, eu só queria que ela fosse a mulher com quem eu deveria casar. Eu não larguei a batina à toa. Eu não larguei algo sério para ficar que nem louco com uma e outra. Eu fiz isso porque eu a queria de verdade. Mas ela não merece saber disso...

— Peter! Peter! Espera, por favor. — Ela gritou me segurando pelo braço enquanto eu praticamente corria, a fazendo correr também.

— Já chega! Por favor, Wanessa... volta para aquele ambiente imoral que você acredita estar feliz. — Eu desferi as palavras com raiva. Eu estava com ciúmes e magoado... Wanessa correu mais uma vez, parando na minha frente agora me forçando a parar. Ela respirava ofegante devido a corrida.

— Desculpa, Peter... eu... eu não sabia e nem imaginava que você viria até aqui.

— Pois é! Eu vim... e me arrependi. — Ela apertou os olhos um pouco zonza.

— Se arrependeu? Oh... Peter. Não faça drama. Eu não imaginava que viria e nem imaginava que você estivesse tão envolvido por mim. É sério... nenhum momento eu te dei esperança de que desse nosso envolvimento eu pudesse... Ah, esquece. — E mais uma vez ela me magoou com essas palavras. Pude perceber novamente que eu estava amando sozinho.

— Tudo bem, Wanessa. Eu que peço desculpa por ter vindo atrapalhar a sua farra. Agora com licença... eu vou para o meu novo apartamento que até aluguei para ficar perto de você. — Ela engoliu seco e eu voltei a caminhar em direção a um ponto de táxi mais próximo. Ouvi novamente o barulho dos saltos dela batendo contra a calçada e fechei os olhos.

— Eu vou com você! — Sorri perplexo.

— Não! Fique com seus amigos. Eles parecem mais divertidos com suas drogas e bebidas... melhor que um ex padre que não curte essas coisas.

— Peter! Para de birra, vai... Já pedi desculpa. — A ignorei e continuei caminhando em silencio. Ela me seguiu em silêncio também, e chegamos no ponto de táxi. Eu estava ansioso para sair dali e me jogar na cama para dormir e pensar no que fazer da minha vida agora que joguei tudo para o alto por nada.

Finalmente o táxi se aproximou e tratei logo de entrar. Quando ia fechar a porta, a mesma segurou e entrou se sentando ao meu lado. Passei a mão no rosto cansado e avisei ao motorista o meu endereço e pedi para que deixasse a Wanessa no endereço dela.

...

Continuamos em silêncio até o final da corrida. Quando o motorista me deixou no meu destino. Paguei pela corrida, e abri a porta para sair. Wanessa rapidamente saiu junto. Rolei os olhos, eu não estava com clima para continuar perto dela, não depois de tudo que eu vi e ouvi dela.

— Wanessa é melhor você ir para a sua casa.

— Não! Eu quero ficar com você essa noite.

— Não tem um menor clima assim. Eu estou cansado, cheguei hoje e preciso descansar.

— Não tem problema, eu fico quietinha, só me deixa ficar... perto de você. — Bufei passando a mão pelo cabelo.

— Tudo bem. — Ela sorriu. — Mas não vai acontecer nada entre a gente. Amanhã é outro dia, nó vamos conversar direito... O que eu vi hoje foi... demais. — Ela assentiu.

— Eu aceito. — Assenti em silencio e entrei no prédio com ela atrás. Eu estava de cabeça quente, e ela estava bêbada e drogada. Não tinha condições de manter uma conversa civilizada hoje, poderíamos nos machucar por coisas ditas no calor do momento.

Eu só precisava dormir...  

Meu Irresistível Pecado (COMPLETA)Où les histoires vivent. Découvrez maintenant