Um sonho. Duas cidades. Um amor.

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Um sonho. Duas cidades. Um amor.

Marcela Gómez

ISBN: 978-85-916578-0-3

O livro completo será publicado, mas ficará disponível por apenas 1 semana depois que postar o último capítulo. Semanalmente irei publicar 1 capítulo aos sábados ou domingos e agradeço se deixarem seus comentários e estrelinhas. Segue o link do amazon para quem não pode esperar cada semana e quer ler o livro todo de uma vez. Garanto que é baratinho e vale a pena!

http://www.amazon.com.br/Um-sonho-Duas-cidades-amor-ebook/dp/B00MMX1ZBG/ref=sr_1_2?s=digital-text&ie=UTF8&qid=1407979411&sr=1-2

Capítulo 1

Caminho pelos corredores do Aeroporto de Barajas, em Madri. Há uma grande mistura de sons ao meu redor, são motores de aviões, carrinhos de bagagens, anúncios de aeronaves decolando ou aterrissando, além dos incontáveis idiomas, os quais não sou capaz de distinguir. Mas, isso não me importa. Só consigo pensar que esse é apenas o início da realização do grande sonho da minha vida. Algo pelo qual lutei muito para conquistar e que exigiu muito esforço, não só meu, Amélia Sofia González Cavalcante, mas também de minha avó querida, Alice Cavalcante, que me dedicou forças, confiança e preces.

Não só conhecerei, como viverei durante dez maravilhosos meses no país que me encantou há muito tempo, por meio de uma gasta revista de turismo, daquelas que você recebe quando entra no avião. Encontrei-a na recepção de um consultório médico enquanto aguardava ser atendida. Nela vi, pela primeira vez, uma foto da Igreja da Sagrada Família, do arquiteto espanhol Antônio Gaudí (não resisti! Escondi a revista entre meus livros do colégio e a levei comigo). Essa igreja era diferente de tudo que havia visto até então. Estava inacabada, apesar de estar sendo construída há muitos anos, mas logo percebi que se trata da coisa mais fantástica que o homem seria capaz de fazer. Parecia tão grande. Difícil imaginar a proporção daquelas torres tão irregulares e imponentes, assim como as de um castelo de areia que costumo encontrar na praia, aqueles feitos por crianças. Era como se Deus estivesse criando através de Gaudí.

Naquele dia, meus planos de me tornar uma renomada advogada foram por água abaixo e soube o que faria pelo resto de minha vida, arquitetura.

Assim que entrei na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, busquei informações sobre intercâmbio acadêmico para a Barcelona. Em casa, todos viam aquele desejo como uma loucura. Meu pai abominou a ideia, apesar da sua distante origem ibérica (bisneto de espanhóis) e não cansava de me importunar com discussões sobre o quanto essa viagem poderia ser perigosa. Minha mãe acreditava que eu não era madura suficiente para viver sozinha em um país distante, mas resisti.

Comecei um estágio em um escritório de arquitetura, mesmo ainda estando no primeiro semestre do curso. Sequer era remunerado, mas torcia para que depois de alguns meses de muita dedicação, começasse a receber um salário. E como havia planejado, depois de três meses trabalhando duro e aprendendo muito lá, passei a receber uma ajuda de custo do escritório. Todo o dinheiro ia para minha conta bancária. Não gastava um centavo dele, já que para minhas despesas do dia a dia, como transporte, material para as aulas e alimentação, podia contar com meus pais. De todos da família, vovó Alice era a única que sabia exatamente aonde eu chegaria. E todo mês, me dava uma pequena parte de sua aposentadoria, que também ia direto para o banco.

Meus olhos lacrimejam ao me lembrar da minha velhinha.

Durante um ano, não gastei dinheiro algum além do estritamente necessário. Minha diversão era passar horas na Internet, pesquisando sobre Barcelona ou vendo filmes em espanhol (dica de amiga: não existe melhor professor que o gato do Javier Barden). Minhas amigas me ameaçavam de abandono total várias vezes, mas acabaram por entender que nada me afastaria do meu objetivo. Juntei toda a papelada necessária para me matricular na Escola Técnica Superior de Arquitetura de Barcelona, da Universidade Politécnica de Catalunia, e estudei arduamente para o teste de seleção que, caso obtivesse a melhor nota, me proporcionaria uma bolsa de estudos mensal no valor de mil e duzentos euros. Dinheiro que custearia minha vida lá. Era tudo o que eu precisava para alcançar meu objetivo.

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