Capítulo 4: O Exército Da Fênix

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  • Dedicado a Elde Bueno
                                    

Theos e Fawn finalmente haviam chegado à Adelaide. O movimento nas ruas era intenso. Civis pareciam assustados, e olhavam para eles buscando entender a situação. Nenhum sinal de batalha foi encontrado até a Casa Real pelo caminho que percorreram, entretanto.

Ainda era começo da tarde, mas a tomada da cidade tinha sido um sucesso. Assim que o Exército Hiperbóreo começou a rastrear os passos da princesa, Theos e outros tenentes e soldados discordaram, mas aguardaram o momento certo. Esperaram que a princesa fosse capturada. Theos convenceu as lideranças a interrogarem o monstro antes de entregar Elde, e nesse meio-tempo tudo aconteceu. Eram maioria esmagadora comparada às lideranças hiperbóreas.

Chegou à Casa Real congratulando todos os soldados e guardas que via no caminho. Todos eles concordaram em ir nisso até o fim. Todos confiaram suas vidas a Theos, de certa forma. Quando chegou ao saguão principal, foi saudado:

— Viva o general Theos! O líder do Exército da Fênix!

Ele não esperava por isso. Riu com o canto da boca e decidiu se pronunciar:

— Viva o Exército da Fênix! — os soldados aplaudiram. Theos começou: — Quando soube do destino que a Coroa reservou para a nossa princesa Elde, uma revolta tomou conta de mim. Eu não esperava, sinceramente, que tantos fossem compartilhar dessa minha revolta. Isso é um sinal. Sinal de que minha revolta não está errada. Sinal de que a independência é sim uma necessidade. Os hiperbóreos se acovardam diante desses monstros, que têm corrompido nossa terra. Enquanto isso, o Império Etheleno, sempre famoso por sua covardia, luta e combate uma dessas bestas há anos.

Se até os Ethelenos podem lutar contra eles, por que não nós? Por que temos de nos acovardar? A princesa é nossa, e nós somos dela. Não importa o que esse monstro diga que ela é.

Muitas palmas e gritos se seguiram por alguns minutos. Theos passava pela multidão, entre tapinhas nas costas e apertos de mãos. Eu via tudo, ainda acorrentado ao lado da porta da sala de reuniões. Ele vinha em minha direção, e já me analisava friamente.

Chegando ao meu lado, antes que me fizesse qualquer pergunta ou pedisse qualquer explicação, eu disse:

— Os hiperbóreos a levaram.

 -x-

Já há horas mata adentro, o primeiro-tenente Caput carregava sobre seus ombros uma princesa de cabelos desgrenhados, cheia de hematomas, suja como um mendigo. Ela não resistia. Já tentara, mas as mãos e os pés estavam atados.

A porta fora aberta, mas a luz ofuscante que adentrava a câmara só permitia distinguir as silhuetas pela falta de orelhas. Foram os hiperbóreos. Vieram correndo quando ouviram a explosão causada por Estranho. Já haviam percebido o movimento e organização estranha dos soldados de Adelaide. Caput teve pouco tempo para agir. Acenderam as tochas, desgrudaram-na de mim com muito esforço e a levaram. Elde tentou gritar, e ouvi seus berros bem alto até que o subsolo caísse no silêncio novamente. Fiquei largado, preso na cadeira derrubada, tentando entender como Estranho conseguira quebrar aquelas pedras só com os punhos. Era impossível.

Os catorze soldados não saíram de Adelaide sem encontrar alguns guardas pelo caminho. Para uns, mentiram dizendo que eram ordens superiores. Depois que a farsa foi percebida, começaram a deixar um rastro de sangue áquilo por onde passavam. Por fim, conseguiram sair do centro da cidade, se perder por becos até alcançarem a floresta.

Não bastasse ser filha do dragão e ser raptada pela segunda vez, agora seu raptor sutilmente se aproveitava de ter Elde nos braços. Enquanto a segurava firmemente, deslizava sutil e maliciosamente a mão pelas costas dela enquanto andava pelo terreno irregular. Por debaixo de sua roupa, os seios de Elde por vezes tocavam a cota de malha do soldado. Era perceptível que o movimento era causado propositalmente.

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